quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu, Trainee! (Julianna)

To muito feliz com a primeira participação no meu blog! Sempre acompanhei os posts da Julianna na comunidade Trainee Brasil do Orkut e sempre achei suas participações excelentes!Me senti muito honrada quando ela aceitou meu convite para falar um pouco mais sobre o seu perfil e o perfil da Unilever. Pedi que ela fizesse um resumo de sua carreira, de suas experiências como trainee e que deixasse algumas dicas para nós candidatos. Ah! Pedi que ela incluísse a idade que tinha na época que foi aprovada para ver se conseguimos algum dado concreto a respeito desse ponto delicado!

Fiquei muito feliz com a contribuição dela! Tenho certeza que vocês também ficarão! Boa leitura!



"O fato de eu ter sido trainee é meio doido, não tinha a encanação de ser até porque minha experiência profissional era bem longe de um ambiente corporativo. Mas todo mundo enchia o meu saco pra tentar. Acabei cedendo e disse que só faria um porque não tinha paciência pra dinâmica de grupo. Escolhi logo o mais difícil pra ser eliminada de cara e me focar na pós que estava fazendo (meu objetivo era abrir minha própria empresa). Acabou que eu passei.

Não me lembro direito quais eram as competências que a Unilever buscava na época, mas são todas muito parecidas em todas as empresas (liderança, comprometimento, trabalho em equipe, fluência verbal, raciocínio lógico, relacionamento interpessoal bla, bla, bla). Não acho que seja muito difícil você adequar o seu perfil ao que a empresa busca. A menos que você surte, seja muito tímido ou muito fraco, você não vai bater de frente com ninguém, vai interagir o tempo inteiro, vai contribuir com boas idéias... Isso é deixar de ser você? Não, é apenas mostrar o que você tem de bom.

O que acho que fez a grande diferença na minha aprovação foi, além das competências básicas, a trajetória diferente, toda experiência que isso me trouxe (vim de esporte de alto rendimento, já dei aula de ed. física e na época trabalhava com uma banda) e duas competenciazinhas muito, muito apreciadas nas empresas: inovação e foco em resultado.

O trainee é um talento em potencial, uma aposta que a empresa faz. Tendo em vista o alto custo de um recurso como esse, é um grande risco que a empresa corre. Por isso, quanto mais resultados concretos o candidato mostrar, mais ele facilita a vida do cara que tá recrutando. E inovação é o que vai determinar as empresas que continuam e as que saem do mercado. Por isso elas precisam de mentes criativas desesperadamente.

Então, meu conselho no processo seletivo: não surte, seja carismático, arrebente no case (o resultado final pode ser ridículo, mas a criatividade que se teve para chegar ali vale muito para a sua avaliação) e nas entrevistas mostre não apenas do que você é capaz, mas o que você já fez. Quem não tem experiência profissional, narre a superação que teve ao participar de um campeonato de natação ou a reestruturação de uma ONG à beira da falência, por exemplo. É a forma como se lida com as coisas, independente da importância que isso tem no mundo, que determina se uma pessoa tem ou não o perfil para ser trainee.

Sobre a Unilever: foi um choque muito grande entrar num ambiente corporativo e sair da cidade que mais amo na vida. Demorei a me acostumar. Mas foi só a primeira das pedreiras que um trainee de outro estado enfrenta. Digo mais um porque já tem toda a expectativa da empresa (investe-se muito, cobra-se muito). E tem também uma resistência que você não ouve ninguém falando sobre, apenas sente. Só quem é/foi trainee sabe o que é isso.

Explico: na Unilever (e acredito que nos principais programas), o trainee é chamado HP (high potential). São funcionários que têm prioridade em promoção e muito investimento em treinamento. Na minha época o programa durava dois anos (a turma seguinte já pegou o de três anos), ou seja, depois disso virava gerente. Só que a média normal para se tornar gerente é cinco anos. O que acontecia é que uma galera sem experiência entrava na empresa ganhando mais que os analistas e eram promovidos antes deles. Isso gerava muito ciúme.

Quando me inscrevi no programa, coloquei como primeira opção pesquisa de mercado e segunda trade marketing. Não sei porque eles definiram que eu ia pra RH (você recebia um telefonema em dezembro avisando qual seria a sua unidade de trabalho - HPC, Foods ou IC - e qual a sua área final). E isso me chateou bastante.

A estrutura do programa era um mês de treinamento para absorver a cultura da empresa, conhecer, (não experimentar) as áreas, pessoas (até o presidente), aprender sobre gerenciamento de projetos, conhecer algumas fábricas. Confesso que esse primeiro mês foi o dinheiro mais fácil que eu já ganhei na vida! Depois os trainees são divididos para fazerem um projeto. Eu caí num de marketing. O legal é que tem pouquíssima supervisão; é muita coisa por sua conta e risco. Mas uma armadilha quando não se conhece a área, nem o dia-a-dia da empresa. Ou seja, tem de correr atrás mesmo!

Depois de apresentar o projeto, o trainee vai para o interfuncional, que é uma outra área ou outro processo dentro da área final que vai ajudar mais pra frente. Pularam o meu interfuncional e me colocaram direto na área final, que era RH de IT (eles mudaram muita coisa no RH. Hoje funciona como business partner, mas na época tinha o RH de processos – R&S, benefícios, treinamento etc - e o atendimento das áreas). Mas eu insisti tanto que acabei fazendo junto com a área final.

Como eu caí no RH do projeto de implementação do SAP na América Latina, surgiu a oportunidade de trabalhar com change management. Só que o problema é que eu não curti nem RH, nem IT. Em tese a movimentação dos trainees era para ser fácil. Mas para isso era necessário que a área tivesse necessidade de um HP (não adiantava ela ter necessidade de um analista, pois o planejamento de carreira é diferente).

Acontece que dei azar de ter entrado num ano super complicado para o Brasil por causa da eleição, o dólar estava nas alturas, o planejamento estratégico mundial da Unilever não estava se concretizando, ela tinha um nível de endividamento altíssimo (recente compra da Bestfoods), perdendo share em quase todas as marcas, considerando fechar a 2ª maior fábrica de pós do mundo... enfim, não tinha vaga!

Eu já estava numa cidade que não curtia, trabalhando em áreas que não tinham nada a ver comigo e sem chance de mudar no curto-médio prazo. Até porque estava entrando uma leva nova de 43 trainees (13 a mais que o previsto) e tinham de cavar vaga pra colocar essa gente toda. Eu não me imaginava ficando cada vez mais experiente em algo que não queria.

O grande problema de quase todas as grandes empresas, é que tudo demorado para efetivamente acontecer. Uma mudança é proposta, mas vê-la em ação demora muito. Isso acaba desestimulando. Amo e sempre vou amar os produtos da Unilever, é uma das empresas mais éticas e transparentes que já vi. Mas a cultura organizacional é completamente diferente do que quero para mim. Sou um exemplo típico da geração Y, preciso de desafios constantes.

Finalizando: voltei para o Rio, abri a minha empresa, que recebeu o selo de empresa sustentável por um programa internacional da Shell (LiveWire) e estabeleceu o conceito de desenvolvimento sustentável na cadeia produtiva da música. Mas como eu e meus sócios tivemos divergências sobre os rumos dela, preferimos descontinuá-la. Nisso fui pra área de CSR da Souza Cruz, saí, voltei um pouco pro marketing, mas vi que o que eu queria mesmo é trabalhar com sustentabilidade corporativa.

Como precisava de experiência em outra área (planejamento estratégico, no caso), no ano passado tentei voltar a ser trainee, (cheguei até a última fase da Bematech e fui desclassificada por eles me considerarem overqualified para trainee). Hoje tenho uma consultoria voltada para a implementação da sustentabilidade em pequenas e médias empresas e escrevo uma coluna sobre o tema em uma revista. Além do meu querido blog.

Ah, fui trainee com 23 anos. Mas a média de idade na época 25 anos.".

O blog da Julianna é muuuito legal, vale muito à pena seguir. O endereço é: http://www.sustentabilidadecorporativa.com/

10 comentários:

  1. Mari (e Ju!),

    ADOREI A ENTREVISTA! Realmente tem mta informação bacana pra quem sonha tanto com a Unilever, sem contar que a Ju é fantástica, né? (Já virou ícone da Comunidade Trainee Brasil! UHUUU!)

    Tentei te mandar por scrap, mas não consegui de forma nenhuma: queria saber se posso colocar um link pra esse seu post, no meu tópico do T2010 sobre a Unilever (com os devidos créditos para ambas, claro!).

    Outra coisa, não sei se você usa isso, mas eu tenho o Google Alertas pra qualquer matéria que sai com a palavra "trainee". Acabei de receber um sobre o seu blog! AEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!

    Bjs,
    Lili

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  2. Oieee
    adorei o relato!
    Em que cidade ela estava que odiava? SP?
    Carol

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  3. Oi Lili! Vou já te adicionar!!!

    Pode linkar o post sim!!

    Beijos,

    Mari

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  4. Oi Carol!

    Não sei te dizer qual a cidade que a Ju não se adaptou muito bem, mas no fim das contas isso não tem muita importância, né?

    O importante é que ela se dipôs a compartihar a experiência dela!

    Um beijão,

    Mari

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  5. Foi São Paulo sim!

    Lili, já te disse que você é uma querida, não? pois repito!

    Mari, meu blog hoje tá com muito mais visita que o normal. Acho que você é a culpada (o:

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  6. Gostei mto do relato também, essa semana coloque um alerta no google sobre trainees e foi assim que conheci o blog!

    Beijos meninas!

    Gostei mto das dicas.

    Juliane

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  7. Oi Juliane!

    Que bom que o google também tá me ajudando a divulgar meu blog!

    Que bom que você passou por aqui!

    Volte sempre!

    Beijos,

    Mari

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  8. sem noção, Juliana. Para uma "empreendedora", essa do feijão...achei indelicado...é...resiliencia...adaptação...

    Mari, parabéns pela iniciativa.

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  9. A do feijão foi uma ironia, se você não percebeu.

    Agora não é porque exigem que sejamos 500% adaptáveis, que a gente seja obrigado a lidar perfeitamente com todas as mudanças e achar que está tudo bem. Não vou ficar infeliz só para mostrar para o mundo o quanto sou foda por ter passado no programa mais disputado. Meu primeiro comprometimento é comigo, com os meus valores, com o que eu acredito.

    Agora só não entendi o que empreendedorismo tem a ver com tudo isso, principalmente com o coitado do feijão.

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  10. Olá Ju,

    Muito bom o seu blog!!! Na época em que você se inscreveu para trainee na Unilever tinha também o Cyber Interview?? Eles dao prioridade para quem fala Ingles?? Há a possibilidade de trabalhar na UNILEVER de outro país?? Quantas perguntas ne???

    Aguardo Respostas.

    Adriana D.

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